quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

26.01.08

«Shangai, Mumbai, Dubai or good bye». Os bancos ocidentais estão a receber de braços abertos o dinheiro fresco dos fundos soberanos da China e de estados árabes. Abou Dhabi no Citigroup, a China no Morgan Stanley, Singapour no Barclays, Merrill Lynch e UBS, estão a trazer liquidez a bancos fragilizados pela crise. Este “bom acolhimento” faz-se numa perspectiva puramente financeira, as consequências geo-económicas ver-se-ão mais tarde… Talvez então se oiça a velha frase de Margaret Thatcher: “Liberais mas não estúpidos”.

Frustração em Davos. O clima de forte crise ensombrou a atmosfera e frustrou as expectativas deste encontro anual pelo que vários líderes políticos, que deveriam ter comparecido, decidiram não o fazer por “razões de agenda”. O debate de abertura foi logo um balde água gelada: “Vai haver uma grave recessão nos EUA, um abrandamento nos países emergentes e um forte abrandamento na Europa…”

A banca chinesa treme com a crise americana do sub-prime. Bank of China (o terceiro maior banco chinês), Industrial and Commercial Bank of China e o China Construction Bank já foram avisados pelo regulador de que devem constituir provisões para todos os seus activos ligados ao sub-prime…

O desemprego vai aumentar em 2008. O Bureau Internacional do Trabalho calculava, antes das turbulências financeiras dos últimos dias, um aumento de 5 milhões de desempregados este ano. Esta previsão vai ter de ser revista em alta, já avisou o BIT.

A Al-Qaeda capturou base paquistanesa. Sararogha Fort, nas montanhas do sul do Waziristão, foi atacada e tomada por 300 talibans sob o comando de Baitullah Mesud, também responsável pelo assassinato de Benazir Bhuto.

A China eclipsou a África do Sul como maior produtor mundial de ouro, tendo passado das 247 toneladas em 2006 para 276 em 2007.

José Mateus, Consultor em Inteligência Competitiva

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

2008-01-19

Dias de agitação em Bruxelas com a próxima presidência da Europa. Tony Blair perfila-se para ser o primeiro presidente da União, função criada pelo recente Tratado de Lisboa, a partir de Janeiro 2009. Paris, Berlim e Londres preferem Blair, que já disse: “Em matéria de Europa, não se trata de esquerda ou de direita, mas de futuro ou de passado e, mesmo, de força ou de fraqueza.” Durão Barroso vê o horizonte a afunilar...

Tony Blair apresentou (em francês escorreito) a sua visão programática da Europa no recente congresso do partido de Sarkozy. O terrorismo, a segurança, a imigração, a energia, o ambiente, a ciência, a biotecnologia, o crime organizado e o ensino superior são as suas prioridades. Sarkozy chamou-lhe “um grande da Europa”.

Paz e petróleo, objectivos da viagem do presidente Bush ao Médio Oriente, são uma aposta derradeira na aliança com Riade. O aumento da produção e o controlo dos preços do petróleo são decisivos para a saúde da economia e o rei Abdallah manifestou a Bush a sua “compreensão” Em Maio, Bush volta à região.

Dois atentados falhados em escassos dias: o bombista suicida de Kabul falhou o embaixador norueguês e os terroristas de Beirute confundiram o carro do embaixador americano Identificados pelos serviços americanos como encomendas do Irão, estes fracassos revelam a dificuldade do terrorismo face a uma segurança mais sofisticada.

Ali Khamenei, guia supremo do Irão, recebeu o major-general e comandante do Exército Ataollah Salehi na sequência do relatório que este lhe enviou em Novembro a denunciar o subequipamento das forças armadas.

Alargamento do domínio das matérias-primas pela China. Conquistada África, é a vez da América Latina, com as minas do Peru e México como primeiros alvos.

Decidido no Parlamento que os serviços de informação franceses vão ter acesso aos ficheiros do Fisco, no quadro da luta antiterrorista.

José Mateus, Consultor em Inteligência Competitiva

sábado, 12 de janeiro de 2008

2008-01-12

O cancelamento do Lisboa-Dakar provocou fortes prejuízos e grande desmoralização nas ‘Espadas da Sombra’, a al-Qaeda do Magrebe. Concentrados no objectivo, desde o Verão, para nada. Meses de ‘trabalho’ perdidos. Tudo pronto no terreno e a ‘armada’ de câmaras de televisão, micros e jornalistas não apareceu. Grave revés. E ainda vão ter de desmontar tudo e até de ir buscar as minas que já tinham enterrado na areia se as quiserem voltar a usar noutro lado.

Mohammad Khatami, ex-presidente iraniano, vai liderar a coligação ‘reformista’ nas próximas legislativas de Março. Objectivo: alcançar a maioria e isolar os radicais apoiados pelo presidente Ahmadinejad.

MANSOOR DADULLAH, um dos mais importantes comandantes talibans, recusa a ordem de demissão e afastamento e classifica-a de ‘conspiração’ à revelia do líder Mullah Omar, enquanto o porta-voz dos talibans mantém que o comandante foi afastado por “desobedecer a ordens” e conduzir actividades contra “as regras e regulamentos”, sem fornecer, porém, mais detalhes.

Malika El-Aroud, casada com o terrorista que assassinou o comandante Massud dois dias antes do ataque do 11 de Setembro, foi presa pela polícia belga e acusada de trabalhar para a al-Qaeda, na Bélgica.

As desgraças da Danone na China parecem não ter fim. Agora, perdeu a propriedade da marca de água mais vendida no mercado chinês, a favor do seu antigo partner local, numa decisão dos tribunais chineses que a Danone diz ser ‘política’ e não de direito comercial...

Os grandes institutos europeus de prospectiva (IFO alemão, INSEE francês e ISAE italiano) apontam para queda ligeira do PIB europeu e subida ligeira da inflação, nos próximos meses.

2008 vai ser o ano de apresentação do motor automóvel que funciona sem petróleo mas apenas a... ar comprimido. Revolução à vista.


José Mateus, Consultor em Inteligência Competitiva

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

2008-01-05

A nova política africana de Pequim, desenhada por Hu Jintao, em 2003, visa o controlo das matérias-primas e exportar para ali os excedentes demográficos.
Hoje, além de investimentos em 30 países africanos, há já “aldeias chinesas”, em 18 deles, a desenvolver, entre outros, produtos agrícolas para os circuitos locais. Extensa mas com pouquíssima terra arável, a China sofre uma brutal pressão rural, a precisar de escape. África tem vastos espaços cultiváveis e livres. Dois velhos conceitos voltam assim ao presente: o de ‘terra nullius’ e o de ‘colonização de povoamento’. Se ainda não é notícia, isto é ‘what’s going to be news’...

ATAQUE NO ATLÂNTICO. Após um empréstimo chinês de cinco mil milhões US$ (o OGE local é de dois mil milhões), o governo de Kinshasa está a rever todos os contratos mineiros para anular alguns e entregar as concessões ao novo ‘amigo chinês’. O dinheiro, a ser pago em concessões mineiras, não chega a sair da China pois vai directo às empresas chinesas a operar no Congo. Kabila, portanto, não lhe vê a cor. Esta implantação atlântica passa ainda por Luanda (cujo último empréstimo chinês em 2007 foi de dois mil milhões US$) e pelo Congo-Brazza (onde Pequim constrói o aeroporto de Ponta Negra e um ‘ministério dos negócios estrangeiros’). Nguesso e Zédu pagam em petróleo. Outra peça do puzzle é o Gabão onde o investimento de 2.200 milhões numa mina de ferro em plena floresta tropical pôs os ecologistas aos berros sem que os chineses os ouvissem.

Um terço do petróleo importado pela China sai de Angola, onde oficialmente trabalham já mais de 40 mil chineses, da Nigéria e do Sudão, cujo 1.º cliente e principal apoio da política de genocídio no Darfur e no sul é Pequim.

José Mateus, Consultor em Inteligência Competitiva