segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

2008-01-05

A nova política africana de Pequim, desenhada por Hu Jintao, em 2003, visa o controlo das matérias-primas e exportar para ali os excedentes demográficos.
Hoje, além de investimentos em 30 países africanos, há já “aldeias chinesas”, em 18 deles, a desenvolver, entre outros, produtos agrícolas para os circuitos locais. Extensa mas com pouquíssima terra arável, a China sofre uma brutal pressão rural, a precisar de escape. África tem vastos espaços cultiváveis e livres. Dois velhos conceitos voltam assim ao presente: o de ‘terra nullius’ e o de ‘colonização de povoamento’. Se ainda não é notícia, isto é ‘what’s going to be news’...

ATAQUE NO ATLÂNTICO. Após um empréstimo chinês de cinco mil milhões US$ (o OGE local é de dois mil milhões), o governo de Kinshasa está a rever todos os contratos mineiros para anular alguns e entregar as concessões ao novo ‘amigo chinês’. O dinheiro, a ser pago em concessões mineiras, não chega a sair da China pois vai directo às empresas chinesas a operar no Congo. Kabila, portanto, não lhe vê a cor. Esta implantação atlântica passa ainda por Luanda (cujo último empréstimo chinês em 2007 foi de dois mil milhões US$) e pelo Congo-Brazza (onde Pequim constrói o aeroporto de Ponta Negra e um ‘ministério dos negócios estrangeiros’). Nguesso e Zédu pagam em petróleo. Outra peça do puzzle é o Gabão onde o investimento de 2.200 milhões numa mina de ferro em plena floresta tropical pôs os ecologistas aos berros sem que os chineses os ouvissem.

Um terço do petróleo importado pela China sai de Angola, onde oficialmente trabalham já mais de 40 mil chineses, da Nigéria e do Sudão, cujo 1.º cliente e principal apoio da política de genocídio no Darfur e no sul é Pequim.

José Mateus, Consultor em Inteligência Competitiva

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